Artigo escrito por Sérgio Augusto Costa, CEO da VILCO Energias Renováveis, em sua conta no LinkedIn .
A Empresa de Pesquisa Energética publicou recentemente “Estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2032 – Transmissão de Energia”, considerando os cenários de expansão em Renováveis (basicamente Eólica e Solar) para os próximos 10 anos (2023 a 2033):
a- Cenário de Referência (2033) = +23 GW médios de Geração Indicativa, equivalente a +57 GW de Capacidade Instalada;
b- Cenário Superior (2033) = +38 GW médios de Geração Indicativa, equivalente a +72 GW de Capacidade Instalada.
Os investimentos previstos são de R$ 50 bilhões para ampliação da infraestrutura de conexão elétrica no Nordeste para 15.000 km de novas de Linhas de Transmissão/Subestações para entrada em operação no período 2028/2029, dependendo da programação de leilões de transmissão.
Um planejamento grandioso, mas algumas dúvidas me inquietam:
1. Haverá demanda de energia (considerando a sobreoferta pelo menos no papel e o cenário econômico atualmente) para esse montante todo de energia? Quando será feita a revisão das Garantias Físicas de todas as usinas de geração?
2. As redes de baixa tensão já estão no limite de sua capacidade. Assim, com o aumento exponencial da Solar em Geração Distribuída, qual o planejamento de expansão da infraestrutura de rede das Distribuidoras?
3. Caso se instale essa potência em Eólica e Solar até 2033, quais fontes de fato serão viáveis para fornecer potência e energia de backup devido ao aumento da intermitência de geração (característica da Eólica e Solar) do sistema? Serão Térmicas à Gás Natural? E/ou as Hidrelétricas Reversíveis (operação com turbinamento para atender demanda de pico ou falta de geração Solar e/ou Eólica momentaneamente; e operação como bombeamento para armazenar água em momentos de baixo preço de energia) irão se tornar estratégicas? As Pequenas e Mini Centrais Hidrelétricas (com baixo impacto ambiental) não podem participar ativamente desse backup com um planejamento de Governo?
4. Qual o impacto real do custo da expansão dessa infraestrutura de conexão elétrica na tarifa de energia do consumidor? Algumas estimativas resultam em ~ +26% de aumento da conta de luz, mas somente devido a ampliação da infraestrutura de conexão, falta ainda somar os investimentos para implantar a geração de backup.